terça-feira, 24 de agosto de 2010

Leda na arte


O tema de "Leda e o Cisne" foi muito popular na arte renascentista italiana de 1499 a cerca de 1530: paradoxalmente, era artisticamente mais aceitável representar uma mulher em ato sexual com um cisne do que com um homem. Artistas de primeira linha podiam criar obras mais explícitas com esse tema do que poderiam ousar com um casal humano. Entretanto, a tolerância em relação a essas obras caiu muito no período mais moralista da Contra-Reforma: muitas das melhores foram destruídas, inclusive as de Leonardo da Vinci (1508) e Michelangelo (1529), conhecidas apenas por meio de cópias.
A primeira xilogravura, publicada em 1499 na Hypnerotomachia Poliphili, livro de gravuras editado em Veneza, mostra Leda e o cisne copulando alegremente no alto de um carro triunfal, empurrado por uma multidão. Outras gravuras dos anos seguintes retomam a cena em diferentes ambientes, tais como as de Giulio Campagnola (que mostra Leda em uma atitude mais ambígua) e Giovanni Battista Palumba (1503 e 1512).
A última grande pintura renascentista sobre o tema foi a de Correggio (1530), que foi esfaqueada quando estava na coleção de Filipe II, duque de Orléans, quando este era regente da França, durante a minoridade do rei Luís XV (enre 1643 e 1654). Foi o próprio rei que a esfaqueou, durante uma de suas crises de consciência. As pinturas de Leonardo e Michelangelo também desapareceram quanto faziam parte da coleção da família real francesa, provavelmente destruídas por sucessores mais moralistas, ou por suas viúvas.
O tema tornou-se raro nos séculos seguintes, exceto por duas obras de François Boucher, cerca de 1740. Foi retomado no final do século XIX e século XX, desta vez interpretado nas chaves do simbolismo, expressionismo e surrealismo.


Leonardo da Vinci [1452-1519]

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